sábado, 21 de abril de 2012

E os bancos começam a cortar os juros.

O assunto que dominou a pauta na última semana foi a redução nas taxas de juros cobradas pelos bancos.
Ainda está meio confuso mas o ponto principal que devemos prestar atenção é como se comportar daqui pra frente.
Tenho ouvido algumas coisas absurdas em relação a isto.
Uma conhecida minha teve uma "brilhante" ideia e veio perguntar a mim o que eu achava. 
Ela simplesmente estava pensando em ir ao banco e pegar um CDC (Crédito Direto ao Consumidor) para quitar o carro!
Falei que esta era um excelente ideia, afinal ela iria pegar um CDC com uma taxa mais baixa em relação ao que era cobrado anteriormente e que ela iria quitar o carro em menos tempo, visto que esta operação é limitada a 24 meses.
Só que algumas pessoas são cabeças duras e quase nunca admitem que estão erradas, e é aí que elas se complicam. Ela retrucou dizendo que não tinha problema em pagar o carro financiado em 60 meses em 24 meses pois com a redução na taxa do CDC ela ainda sairia ganhando.
Como eu estava tomado de uma paciência divina neste dia, dei a ela um pouquinho do meu tempo e fui explicar tudo direitinho.
Perguntei qual foi a taxa utilizada no financiamento, ela respondeu que achava que era 1,9% (ela não sabia o valor que tinha contratado e mesmo assim tinha certeza que faria um bom negócio!). Pedi a ela para acessar o site do banco e procurar ver qual seria a taxa média a ser aplicada ao CDC. Na melhor das hipóteses ela pegaria uma taxa de 2,2%.
Vejam bem: O financiamento dela era de 1,9% e ela queria trocar por outro de 2,2%!
Depois de muito custo ela entendeu o que eu queria falar.
Dia desses a minha "Consultora de vendas" (nome chique para vendedor de carros) me ligou toda eufórica para me convidar a conhecer o novo carro que estavam comercializando. Quando eu falei que estava louco por este carro ela não perdeu a oportunidade e disse que eu deveria ir lá logo para gente fechar negócio e aproveitar a redução nas taxas de juros! Detalhe: Não tem nem um ano que eu troquei de carro.
Analisando estas duas situações fiz algo raro em minha vida, comecei a pensar.
Posso estar errado, mas é assim que eu penso e continuarei a pensar até que alguém me fale que estou errado.
Esta redução nas taxas é boa? Sim, é ótima! Mas é ótima para quem está pendurado em dívidas neste primeiro momento.
Estão vendendo uma ilusão de que o mundo amanhecerá colorido e que todos os problemas sumirão.
Quem estiver com vontade de mudar de vida e sair do atoleiro, este é o momento!
A pessoa poderá trocar uma dívida antiga e cara por uma divida nova e mais barata. Mas não poderá esquecer que apesar de tudo continuará endividada.
Este não é o momento para se fazer dividas, é momento de paga-las. É hora da pessoa arregaçar as mangas, reunir as dividas, pegar a calculadora e colocar tudo no papel. Analisar cada pendência que tem e procurar o banco que está oferecendo melhores taxas. 
Lembrando que se deve olhar não o valor nominal dos juros mas sim o CET, que é o Custo Efetivo Total das instituições pesquisadas.
O apelo para que se gaste neste momento será enorme, e como já falei, já começou. Juros baixos não significam uma vida cor de rosa e sim, uma vida pagando menos juros, mas pagando ainda. ;)

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Eu e meus bancos.

Se em 1992 eu não tinha como abrir conta em banco, alguns anos depois eu consegui o feito de ter conta em quase todos os grandes bancos.
A minha primeira conta corrente foi no banco Itaú, aberta em 1996. Foi nesta época que comprei meu primeiro título de capitalização e junto com o dinheiro que coloquei na poupança, ganhei 3 estrelas.
Em 1998, um primo que trabalha no Banco do Brasil me chamou para abrir uma conta e eu fui. Ganhei um Cheque Ouro do Banco do Brasil, cheque este que era sinal de status para quem o tivesse. Somente os meus tios "ricos" o tinham e isso depois de trabalharem longos anos...
Fiquei com estas duas contas por um bom tempo e pagando juros pela utilização dos limites. Mas como já disse antes, pagar juros era o de menos e eu ainda tinha CDC´s disponíveis para gastar também.
Em 1998 eu comprei a parte da minha sócia no escritório e saí da informalidade, virei um micro-empresário. A melhor coisa que fiz.
Como agora eu era alguém, pois tinha uma micro-empresa e um CNPJ, não pensei duas vezes em realizar um sonho: Comprar um carro! Quer dizer, comprar não, financiar! E financiar com juros!
Fui a uma concessionária e escolhi logo um carro 0Km! Chique demais!
Por um destes milagres do mundo capitalista eu consegui financia-lo mesmo tendo menos de um ano de empresa aberta.
O financiamento foi feito pelo banco HSBC, um banco hiper simpático. Nesta época o Itaú e o BB viraram bancos antipáticos porque me negaram crédito.
Alguns meses depois a gerente do banco me ligou avisando que já havia uma conta corrente pré-aprovada para mim e que eu teria que levar alguns poucos documentos para a efetivação.
Claaaro que eu fui lá, eu tinha que ser gentil com o banco que havia sido tão simpático comigo.
Sai da agência com mais um limite de cheque especial, dois cartões de crédito e um seguro de vida. Tempos depois este mesmo banco se tornou tão antipático que até ao juizado nós fomos!
O próximo banco simpático que apareceu na minha vida foi o Santander, que me financiou um outro carro e gentilmente me ofereceu uma conta, um limite e dois cartões de crédito.
Era muito chique ser cliente de um banco internacional e na folha de cheque ainda vinha escrito "Amigo desde 11/2005". Gente, o banco me chamava de Amigo! Até arrepio só de lembrar!
Em 2006 o BankBoston abriu uma agência na minha cidade e em março fui lá e abri minha conta. Eu achava o layout do banco lindo. Nele eu ganhei um limite e um cartão de crédito.
E detalhe: No BankBoston somente se abria contas via indicação. Mas como eu acreditava em milagres no mundo capitalista...
Após o BankBoston eu ainda abri uma conta no antigo Banco Real, limite e cartão inclusos.
Ainda tenho uma conta no Banco de Brasília, mas nesta eu não tenho nada. Abri esta conta somente para receber de um cliente.
Resumindo: Eu tinha conta em 7 bancos diferentes!
Acho que pelo tanto de dinheiro que já dei para estes bancos eu merecia ser chamado para almoçar com os donos deles toda semana. ;)

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Eu e meus cartões.

Há alguns anos atrás cartão de crédito era motivo de status para quem os tinha e como eu era um "desbancarizado" era impossível eu conseguir um.
Mas acontece que a minha ex-sócia tinha e fui apresentado às maravilhas de se comprar  com o dinheiro de plástico por ela.
Me recordo que uma grande rede varejista fazia promoções de CD´s e lá íamos nós comprar, pagando e dividindo tudo no cartão dela e como era ela que cuidava do caixa da empresa na hora de fazer a minha retirada ela já descontava o valor que eu devia no cartão. Nesta época eu pagava direitinho.
Anos depois consegui os meus próprios cartões, o Brasil já estava mudando e algumas coisas foram ficando mais fáceis.
Pois bem, eu aprendi a usar e a pagar o cartão dos outros, mas com os meus eu relaxei.
Comecei a comprar sem me importar com a fatura, eu comprava e pagava direito.
Mas aí foram surgindo alguns imprevistos o que ocasionaram o atraso no pagamento das faturas e até mesmo o não pagamento delas.
E no cartão vocês já sabem como funciona. Não pago a fatura este mês aí o valor devido é inflado com juros e multa e acrescido ao valor da parcela no mês seguinte e vira aquela bola de neve.
Bem, eu ainda conseguia me virar e liquidar as dividas.
Mas eis que de repente o mercado de cartões começa a ficar mais agressivo. Várias empresas começaram a emitir seus próprios cartões, eles colocavam até pequenos balcões nas ruas para conquistar mais clientes e eu, claro, saí fazendo tudo que era cartão. Não só fazia como usava todos.
E devido a estas facilidades minha coleção de cartões só ia crescendo.
Comecei a pagar o valor minimo da fatura e ao invés de guardar o cartão e não usar, dois dias depois do pagamento eu já estava utilizando-os novamente.
Não me importava com os juros que eram cobrados, pagar o mínimo para mim era uma garantia de poder continuar a usá-los.
Só que chega uma hora que a conta não fecha e os atendentes dos cartões de crédito, que na época que eu fiz eram tão simpáticos e solícitos, começaram a falar comigo de forma mais ríspida me cobrando o pagamento da fatura.
Qual a saída que utilizei para quitar estas faturas? As financeiras.
Comprava dinheiro na financeira, repassava para a administradora do cartão, continuava usando o cartão e pagando não só o empréstimo feito na financeira como também as faturas.
O resultado disso tudo foi, digamos assim, trágico.
Mas o saldo positivo disso tudo é que minhas "amigas" das financeiras me ligam eventualmente, com direito a ser chamado de Senhor e de excelente cliente. ;)

domingo, 1 de abril de 2012

Comprando Dinheiro.

Para mim pegar dinheiro emprestado representa uma compra.

E eu já fiz muito disso, e o que é pior: Em financeiras!

Eu fazia isto por um motivo bem simples, os bancos não me concediam mais crédito porque eu já estava atolado em dividas.

Mas “felizmente” existiam as financeiras e elas sempre me tratavam bem.

Com toda certeza as atendentes tem um treinamento para tratar com o cara que está com a corda no pescoço, são todas sempre muito atenciosas e lhe tratam sempre como um velho amigo.

A primeira vez que entrei em uma dessas casas, fui todo tímido. Envergonhado mesmo porque para mim pedir dinheiro emprestado é sinal de fracasso, mas isso é assunto para outra postagem.

Pois bem, entrei na loja peguei a senha e esperei ser atendido.

Chamaram a minha senha e lá fui eu todo quietinho falar com a atendente que muito atenciosa disse que conseguiria resolver “nosso”problema. Sim, ela falou que a partir daquele momento o meu problema era dela também. Isso foi o suficiente para me deixar menos envergonhado e um pouco mais a vontade. Ela me perguntou de quanto eu precisava, eu falei e ela disse que faria de tudo para liberar o valor pedido.

Ela pegou o telefone, falou com não sei quem, ficou muda, fez suspense e veio com a notícia de que só tinha conseguido uma parte, mas que iria lá dentro falar pessoalmente com a gerente dela e que iria conseguir, era só eu aguardar.

Passados alguns longos 10 minutos ela volta, toda sorridente e diz:

- “Não falei ao senhor que nós iríamos conseguir?”

Eu me senti a mais feliz de todas as criaturas, eu estava a um passo de resolver todos os meus problemas.

E naquele momento eu tive a certeza que a atendente da financeira era minha amiga, mesmo me cobrando mais de 10% de juros! ;)

segunda-feira, 26 de março de 2012

As moedas do Brasil de 1985 até hoje.

O Brasil era um país difícil de ser entendido. Era um negócio de mudar nome da moeda e cortar zeros que se você perguntar a qualquer pessoa quantas moedas já tivemos de 1985 até hoje, com toda certeza muitas pessoas não saberão dizer.
Para facilitar irei coloca-las aqui:
1984- Cruzeiro.
1986 - Cruzado.
1986 - Cruzado Novo.
1990 - Cruzeiro.
1993 - Cruzeiro Real.
1994 - Real.
Como que o Brasil podia ser levado a sério desta forma?
Durante este período também ocorreram cortes de zeros na moeda, mais precisamente 9.
Aí você me pergunta em que estas mudanças afetavam a vida das pessoas, pois bem, afetava porque você ia dormir com uma moeda e acordava com outra.
Olha só como funcionava:

Cr$ 1.300.500 (um milhão, trezentos mil e quinhentos cruzeiros) virava Cz$ 1.300,50 (um mil e trezentos cruzados e cinqüenta centavos).

Cz$ 1.300,50 (um mil e trezentos cruzados e cinqüenta centavos) passou a expressar-se NCz$ 1,30 (um cruzado novo e trinta centavos).

NCz$ 1.500,00 (um mil e quinhentos cruzados novos) passou a expressar-se Cr$ 1.500,00 (um mil e quinhentos cruzeiros).

Cr$ 1.700.500,00 (um milhão, setecentos mil e quinhentos cruzeiros) passou a expressar-se CR$ 1.700,50 (um mil e setecentos cruzeiros reais e cinqüenta centavos).

Na mudança do Cruzeiro Real para o Real foi utilizada a seguinte fórmula:
Cada CR$ 2.750 passou a valer R$ 1,00
Mas sabe o que era mais engraçado nisto tudo? É que nós conseguíamos sobreviver! ;)

* Os exemplos de conversão da moeda foram retirados do site Portal Economia.

domingo, 25 de março de 2012

Por que eu gasto?

Já encontrei várias respostas para esta pergunta e mesmo tendo-as encontrado eu continuei gastando.
Poderia usar a desculpa clássica de que, quando era mais jovem, eu tinha vontade de ter as coisas e não podia.
Esta é uma desculpa que já está fora de uso, pelo menos para mim.
A resposta correta para esta pergunta é:
"Gasto porque sou de uma geração que conviveu por tempos com a inflação e nunca tive uma educação financeira".
E realmente a resposta é esta.
Eu sou de 1971, vi o que a hiperinflação fez ao país e naquela época eu não tinha perspectivas nenhuma de que algo iria mudar.
Eu comecei a me interessar por economia em 1986, quando uma professora de literatura chegou à sala de aula toda eufórica devido ao anúncio do Plano Cruzado.
Até então eu não me interessava por nada disso, quem pagava, ou fingia que pagava, as contas da casa era meu pai. A minha única obrigação era estudar, coisa que nunca gostei de fazer.
Devido a euforia desta professora fui procurar saber o que estava acontecendo. Depois de me inteirar sobre o plano, fiquei maravilhado. Sarney prometeu o paraíso para nós brasileiros.
Como todos devem saber nenhum plano "milagroso" deu certo nesta década. Nem o do Presidente que falou que só tinha uma bala na agulha para matar o tigre da inflação.
O Plano Collor fracassou e aí que a bagunça tomou conta de vez da economia brasileira.
Eu comecei a trabalhar em 1992 em um ambiente ainda dominado pela inflação.
Devido a este fato, o que eu tinha que fazer? Comprar logo hoje o que eu queria porque no dia seguinte o valor da mercadoria já seria outro. E era o que eu fazia.
Neste momento alguém pode perguntar porque eu não guardava o dinheiro, e eu respondo: Porque naquela época não era fácil abrir uma conta em um banco, ainda mais para mim que trabalhava na informalidade. Por isso a ordem era receber e gastar!
E eu fiz isto por longos anos.
Aí, em 1994, surgiu o Plano Real. Alguém acreditou que ele daria certo? Bem, eu não acreditei muito não, afinal de contas vinhamos de vários planos miraculosos mal sucedidos.
Acontece que ele deu certo. O Brasil mudou muito graças a ele mas a minha mentalidade não mudou: Continuei recebendo hoje e gastando ontem. Vai que este plano não desse certo?
Felizmente o Plano Real deu certo.
A esta altura eu já tinha conta em banco e a possibilidade de fazer várias aplicações. Mas a vontade louca de gastar irracionalmente sempre foi maior e por burrice nunca guardei dinheiro e devido a esta burrice perdi juros altíssimos pagos pelas aplicações financeiras.
Relembrando tudo isto cheguei a conclusão de que o que aprendi, em grande parte, em matemática durante minha vida acadêmica, foi besteira.
Geometria é um saco, aliás, geometria para mim só serve quando vejo uma pizza, que vem em uma caixa quadrada, é redonda e dá para dividir em triângulos.
Eles deviam era ter me ensinado matemática financeira, que é muito mais útil. ;)